Blogueiro preso - e a reação do governo

Eu já sabia que isso acontecia por aqui, mas até que você presencie, parece algo muito distante.

Khairul Nizam Abd Ghani, 29 anos, recém-casado, foi detido pela polícia na última terça-feira e mantido em cárcere por quatro dias por ter publicado no dia 22 de janeiro, em seu blog, "comentários depreciativos" sobre o antigo sultão de Johor, já falecido. O post, editado em malaio, foi retirado do ar e, até hoje, ninguém sabe que comentários foram esses - o texto ficou público por menos de duas horas. Não consegui achar cópias, links ou qualquer coisa semelhante que guardasse o que foi escrito.

O acusado!
No começo, a prisão foi justificada pelo "bom andamento das investigações". Na verdade, as autoridades nem sabiam em qual lei ou ofensa enquadrar o designer gráfico. Por fim, resolveram processá-lo por "uso impróprio de serviços ou ferramentas de rede", baseados na Seção 233(1)(a) do Ato de Comunicações e Multimídia, que diz que "qualquer pessoa que, conscientemente, inicia a transmissão de qualquer comentário, requisição, sugestão ou outra comunicação que seja obscena, indecente, falsa, ameaçadora ou ofensiva do caráter, com intenção de incomodar, abusar, ameaçar ou assediar outra pessoa é penalizada com multa não excedendo 50 mil ringgit ou prisão de até um ano". A multa também é acrescida de mil ringgits por dia adicional de publicação/divulgação da ofensa.

Uma audiência foi logo arranjada e um defensor público tomou conta do caso. Na última sexta-feira, Khairul declarou-se inocente perante o juiz, após a leitura das acusações (elas ainda levavam o agravante de que "a intenção do acusado foi a de ferir os sentimentos da família real de Johor e do povo"). O defensor, em sua fala, pediu à Corte que impusesse a menor multa possível ao réu, já que este entregou-se espontaneamente às autoridades. O fato de ser casado há apenas um mês também foi incluído na defesa, pois a prisão impediriria sua presença no banquete de casamento e, com os gastos para tanto, sua esposa conseguiu levantar apenas 5 mil ringgit. Ao argumentar que as alegações nem eram tão graves, ouviu do juiz:

- Nós estamos falando sobre uma instituição real que, junto a outras, garante a estabilidade de nosso país. Eu não concordo com a visão do defensor neste caso. (Clique aqui para entender o sistema político da Malásia)

Uma fiança - fiança, não a multa - de 5 mil ringgit foi imposta e uma nova audiência foi marcada para o dia 31 de março.

No meio disso tudo, o governo se manifestou a respeito. Leia abaixo o que o Ministro do Interior disse sobre o caso, exatamente como foi publicado nos jornais:

"Que o caso dele seja uma lição a outros que pensam que podem expressar-se abertamente sem preocuparem-se com as repercussões".

Vocês que me digam algo, agora. O meu IP é malaio e eu não tenho dinheiro para pagar fiança nem multa.


: : Em KL, 01h40, já de domingo.

Idade avançada

Ainda me recuperando do #yorais, qual não é a minha surpresa ao ler a seguinte frase no jornal, hoje:

"Se eles podem fazer 'Avatar', eles podem fazer qualquer coisa"

Isso foi dito pelo ex-Primeiro Ministro Mahathir Mohamad, em um pronunciamento oficial, como exemplo de quão ardilosa é a estratégia norte-americana para atingir os muçulmanos. Ele afirmou que os ataques de 11 de Setembro foram planejados dentro do próprio país, pra que estes tivessem uma razão para começar a guerra. A tecnologia dos homens brancos é tão avançada que todos se deixaram levar tanto pela fantasia do filme como pelo teatro das Torres Gêmeas.

Sem justificar o mérito do filme ou envolver teorias conspiratórias, analisemos a (in)felicidade de Mahathir ao expor sua opinião. Justo ele, que é considerado o Juscelino Kubitschek da Malásia - foi em seu governo que construíram as Petronas Towers. Ele governou o país por mais de vinte anos e conduziu sua modernização.  Os malaios o adoram e sonham com o dia que o Partido quererá levá-lo ao poder novamente. Mas... AVATAR?!?!?!?!

A conclusão tirada pelos meus colegas de trabalho, asiáticos e muçulmanos, é que o problema do ex-Primeiro Ministro é o mesmo do Ministro das Comunicações: idade. Os velhinhos já estão caducando. O Partido precisa renovar seu quadro de líderes, todos remanescentes da época colonial.

Enquanto isso, a gente se diverte com as hashtags. E pra última notícia, é claro que existe uma: #iftheycanmakeavatar.

A matéria impressa segue abaixo, clique para ampliar a imagem. Quem quiser a url, basta acessar o site do The Star.



: : Em KL, 23h48.
: : Ouvindo: A-Ha e Depeche Mode (é, o que posso fazer? Born in the 8Os...)

Trending Topics boleh!

Muitos acreditavam que mídias sociais não funcionariam por aqui. A Malásia, provando ser diferente de seus vizinhos, sabe usar essa rede e o Twitter muito bem. Ontem foi sua estréia nos Trending Topics, com a hashtag #yorais.

Uma tentativa frustrada de controle à la Big Brother virou piada, quando o Ministro de Informação e Comunicação (ou 'aquele que cuida da censura') afirmou publicamente que o uso de mídias sociais deve ser evitado pelos muçulmanos - pois "são ferramentas criadas pelo Ocidente para corromper a cultura malaia". Ele disse mesmo, está tudo aqui, no The Star.

Sem querer, o Ministro Rais Yatim virou a nova celebridade dos tweets malasianos. A tag foi tão utilizada para criticar o pronunciamento que chegou ao Top 3 dos Trending Topics ontem à noite, por volta das 20h (hora local). A maior parte das piadas relacionava a idade avançada do político com a posição conservadora para com a internet. Os blogueiros daqui não deixaram por menos e várias postagens foram feitas sobre o tema.

Face = muka / Book = buku
- Aprendendo malaio no blog da Srta D! :D
 
"Rais é tão antigo que quanto Deus disse 'Faça-se a Luz', ele perguntou: 'Por que você está usando a língua do homem branco?"

É óbvio que o único modo de se controlar o que pode ser dito ou não dito no FB ou Twitter reside no bloqueio do acesso. Mas como estou em um país 'democrático', fazê-lo causaria mais desgastes do que alívio. As autoridades orgulham-se de serem exemplo para o convívio pacífico (?) entre as diversas culturas, a modernidade e as tradições islâmicas.

Então, inventemos uma historinha marota, quase jihadista. O povo compra - foi assim quando disseram que o melhor meio de prevenir a gripe H1N1 era usando máscaras, ou quando anunciaram que bebidas alcoólicas causam câncer.

Mas a internet não é tão fácil de ser controlada como as mídias ditas tradicionais e certamente a Malásia não quer assemelhar-se à China nesse ponto. É verdade, já tentei acessar clipes no YouTube e aparece a mensagem "Este vídeo não é permitido em seu país". Mas, genericamente falando, a internet ainda é um campo livre nesse lado do mundo (e que fique claro: eu nem queria ver sacanagem, viu?!).

A juventude malasiana não consegue viver sem seus Blackberries ou seus iPhones. Nasceram nessa era e com a vantagem de estarem no paraíso dos eletrônicos na Terra. Melhor que aqui, só Hong Kong.   *ah, Hong Kong... love!*

A tag truly Malaysian eleva o patamar das tuitadas - pelo menos, é assim que eles pensam. Ainda estamos esperando os comentários do Primeiro Ministro, em seu blog, em seu feed do Facebook ou até mesmo em seu Twitter.


:: Em KL, 00h09, já de quinta.
:: Ouvindo: The Editors.

P.S.: 'Boleh' é a expressão que eles usam pra pedir afirmação. É o verbo 'poder' usado como o 'né' dos goianos e o 'ok' dos americanos. Virou até lema do governo, anos atrás: Malaysia Boleh! (A Malásia pode!).

P.S. 2: Acabo de consultar a tag, o pessoal não pára de tuitar sobre o assunto! Coisa de lôco! Foi parar até na Wiki!

Na Malásia, uma gota de água é capaz de causar um maremoto de emoções.

A essa altura, muitos já devem estar sabendo das igrejas que foram profanadas no país. Entre a última sexta e este domingo, quatro templos no subúrbio da capital e um na cidade de Taiping foram incendiados com coquetéis molotov. Uma igreja em Malaca, antiga colônia portuguesa, foi pichada com tinta preta, assim como o carro de um padre que mora em Penang. Em um internato em Taiping também foram encontrados coquetéis que não estouraram, possivelmente dirigidos à igreja que fica ao lado. Em Sabah, Malásia insular, onde está a maioria malaia cristã do país, um templo foi atacado com pedras.

Pensar que toda essa violência religiosa tem um fundo lingüístico é, no mínimo, estranho. Como pode o uso ou não de um vocábulo causar tanta indignação e revolta? Mas os homens... ah, os homens. Qualquer motivo vira desculpa para demonstrações de poder.

Antes do Islã e dos conquistadores europeus, a Malásia era composta por diversos tribos e diversas etnias. Antes da imposição do islamismo e de um determinado idioma, havia o Bahasa Melayu. Na língua nativa, não existe nome próprio para Deus - como hindus ou gregos pagãos nomeiam. Em malaio, a palavra Deus é 'Allah'.

As conquistas vieram e moldaram esse país ao gosto de cada dominador. Na parte insular, as coisas sempre foram um pouco mais difíceis e até hoje é possível encontrar o modo tribal intocado. Lá, porém, muitos malasianos se converteram ao cristianismo; logo, como o inglês é pouquíssimo utilizado, a bíblia é editada em malaio. Como o Deus cristão não tem nome próprio e somente é chamado de Deus, a bíblia malaia chama-o de Allah.

Viu só? Não há confusão. O problema começa quando o governo muçulmano, em um país dessecularizado cuja maioria é muçulmana, sente-se ofendido pelo uso da palavra Deus - em malaio - por pessoas que não acreditam em Allah. Mas Allah não é Deus?!?

Não para o governo. 'The Harald', o jornal católico editado em malaio, teve suas atividades suspensas por chamar Deus de Allah. A Suprema Corte, recentemente, deu ganho de causa ao jornal, em uma ação judicial que se estendia há três anos. Ele pôde ser reaberto e foi autorizado a usar os sinônimos, pois não há, como já disse, outro modo de se referir ao vocábulo 'Deus' em malaio. O governo chiou e entrou com uma apelação. Allah é o Deus só dos muçulmanos; qualquer outra pessoa não-muçulmana, ao utilizar essa palavra, cai em blasfêmia.

Daí, tudo se seguiu foram reuniões e protestos muçulmanos, culminando nos ataques. O governo condenou as ações, mas não impediria as manifestações - pois depende dos votos da maioria islã para perpetrar-se no poder. Paradoxalmente, o atual mandato tem como lema a frase 'One Malaysia', buscando também trazer todas as outras etnias/religiões para as discussões políticas - algo bem difícil em um país onde ser muçulmano te traz até vantagens financeiras e assistenciais. Onde hindus, quando protestam, são controlados a tiros. Onde um chinês com a maior nota perde a vaga na universidade pública para um malaio, porque este candidata-se pelo sistema de cotas (mais da metade dos lugares são destinados a muçulmanos). Chega a ser cômico, pois com tantas vantagens, os malaios ainda reclamam que são perseguidos. Lembro-me da piada do negro que, ao ser-lhe negado alguma coisa, pensa que o fizeram só por conta de sua cor. E aqui, os muçulmanos nem são minoria: 60% da população reza cinco vezes ao dia.

As autoridades visitaram algumas das igrejas queimadas neste domingo. Ofereceram ajuda financeira para reconstrução do templo e até participaram de uma comunhão com outros líderes religiosos, tentando simbolizar uma união. Mas os cristãos não querem isso. Eles só querem segurança e a garantia constitucional da liberdade de culto. O Corão ensina que qualquer lugar onde Deus seja venerado é digno de proteção; assim, a maioria dos malaios condenou os ataques e estão tratando o 'grande problema vocabular' como algo pequeno - assim li em um recente tweet, de um dos seguidores da ONG: "Se os cristãos pararem de chamar Deus de Allah, os muçulmanos vão parar de dizer Nabi Isa ao falarem de Jesus?". Grupos insurgentes é que são o verdadeiro problema e estes o governo parece não querer controlar.

O Primeiro-Ministro divulgou hoje que um plano de tolerância religiosa entrará em vigor após tudo ser acertado entre os líderes das diversas religiões. Mesmo assim, 15 mil bíblias já foram confiscadas por conta do 'erro' linguístico. Mesmo assim, qualquer um é super bem-vindo a se tornar muçulmano - mas os malaios são proibidos de abandonar o Islã. Ah, e se você for um indiano convertido, todos referir-se-ão a você com a expressão 'Mamak', o que é um tanto pejorativa. Se nós somos de cor diferentes, mas adoramos o mesmo Deus, porque eu recebo um nome diferente do seu?

A aparente calmaria da Malásia reside no fato de que cada etnia sabe muito bem até onde ir para não alternar o frágil equilíbrio entre as raças. Na verdade, não há integração e isso é claro na divisão da cidade e nos estereótipos que aqui, já são verdade há anos. A guerra civil também começou por um motivo bobo, porém superestimado por grupos religiosos.

Sendo Deus, God ou Allah, não importa. Garanto que Ele não dá a mínima para essas frivolidades, assim como nunca deve ter enviado um de seus anjos, profetas ou ele mesmo em carne para dizer que essa palavra ou aquela é impura na boca dos 'infiéis'.

Ah, homens... o problema reside em vocês.

Aqui, Flickr do The Edge Malaysia, com algumas fotos das manifestações malaias.


:: Em KL, 02h43, já de segunda.

2010: e a vida continua...

2010 chegou. E muito mais rápido do que eu esperava. Nesse último mês, tanta coisa aconteceu - e tão rapidamente - que quando me dei conta, já era Natal. Depois, a cidade já anunciava as diversas queimas de fogos. Pronto, um novo janeiro chegou e eu ainda não consegui assimilar todas as informações e notícias dos últimos tempos.

Inúmeros projetos apareceram no trabalho. Agora, a ONG tem até Twitter, com atualizações feitas por mim. Dá uma chegadinha lá, não dói. Devagar eu pego o jeito internético dos malasianos. : )

Também participamos de competições beneficentes junto a bandas de rock locais e de campanhas com o departamento de responsabilidade social de diversas empresas. Ah, claro, no meio de tudo isso, os antigos projetos não param. Fiquei um pouco ('só um pouco?') estressada esperando algumas respostas, mas relevei. E as respostas ainda não chegaram.

No meio da correria, tive um treinamento de 3 dias em Bukit Merah, no estado de Perak. Param-se todos os trabalhos para que possamos ficar imersos nos exercícios motivacionais e de entrosamento. Como essas coisas não funcionam comigo, precisei relevar um monte - de novo -, mas no fim tudo deu certo. De bom, tiro as seguintes lições: aprendi como se faz uma jangada (caso eu me perca em alto mar), tive meu primeiro baile de máscaras e conheci Taiping, a antiga capital federal, e seu cemitério da 2ª Guerra. Agora é me preparar para o próximo encontro, pois estes acontecem a cada 4 meses.

Chegando da viagem em um dia, no outro me mudei. Sim!! Finalmente!! Estou em um apartamento maior e a 10 minutos de caminhada da estação central. Do meu quarto, tenho uma das vistas mais lindas da cidade; da sacada, posso ver as Petronas e a Torre KL. Meu humor matutino mudou pra melhor: demoro meia hora para ir e voltar do escritório, sem engarrafamentos. Meus colegas de apê são todos estrangeiros ocidentais, na mesma condição que eu: jovens, solteiros, morando aqui só por conta da carreira. Em duas semanas, já estamos bem entrosados, pois partilhamos as mesmas dúvidas e incertezas. Começo a conhecer outros estrangeiros e a fazer novas amizades - e como tudo isso é muito bom!!! Estava sentindo muita falta!

O pessoal até organizou uma ceia natalina e emendaram com uma festa no andar de baixo, no apê de outros estrangeiros. As fotos não negam que a diversão foi ótima. Eu, como prefiro algo mais familiar no Natal, me reuni com amigos para um brunch promovido pela Lotta e depois jantei com outros brasileiros no dia 24. Também esteve muito bom, comi até rabanada! E mais do que matar a saudade da comida, passei momentos ótimos com os amigos que fiz aqui. Por algum motivo, não nos conhecemos antes de vir, mesmo estando tão próximos e conhecendo as mesmas pessoas.

Mesmo que a Malásia não seja um Estado laico, o Natal é feriado nacional. Tem Papai Noel com chineses, budistas e muçulmanos tirando fotos, no trenó. Coincidindo com a megaliquidação de fim de ano, as pessoas aqui parecem relacionar a data somente ao consumismo. Mesmo assim, as decorações do shopping merecem aplausos - tem até neve artificial.

Nessa mesma toada, o Ano Novo ocidental aqui não faz muito sentido, pois cada etnia já comemora sua virada em datas distintas. Mas tem festa e folga. Passei o meu em casa com alguns amigos, vendo a queima de fogos da sacada - e nesses, incluo até quem esteve comigo online, durante a virada e todo o ano que passou. Beijo, Gravz! :*

Tudo continua a acontecer muito rápido: os projetos, as oportunidades, a vida. 2009 foi a conclusão de um preparatório que ensaiava há tempos. A cada ano, uma peça se somava ao grande cenário que eu achava que planejava - porque há sim ações e tempos que fogem do nosso controle. Pensando friamente, talvez eu não estivesse pronta. Mas já que enxergaram meu potencial, eu que não deixaria a vez passar. E sabe, estou surpreendida comigo mesma; se já me consideravam independente antes, cada novo dia me traz desafios em que provo que posso, sim, melhorar ainda mais.

No começo do Ano do Tigre, apenas agradeci. À vida, à minha família, aos meus amigos, àqueles que estiveram na mesma estrada que eu. Às dificuldades que enfrentei e àquelas do dia-a-dia. Ao novo e ao velho, ao que posso mudar - e mudarei - e àquilo que preciso aceitar. Agradeci a mim mesma por ter enfrentado as adversidades e por ter acreditado em mim. Meu Ano do Boi perdurará, desde que haja força de vontade.

Quanto ao blog, faço referência a um velho reclamão que conheci nesse último ano e à sua lista de resoluções para 2010: talvez as melhores histórias sejam as registradas pela alma, inatingíveis por palavras. Mas mesmo assim, tentarei traduzi-las aqui, pois ainda há muito a desbravar.

De minha parte, não tenho promessas. Apenas quero seguir em frente.

Feliz Ano Novo!

FOTOS:
Treinamento e afins
Natal e Ano Novo


:: Em KL, 20h24.
:: Ouvindo: Jamie Cullum