Angkor: Siem Riep

Pelos últimos posts, percebe-se a grandiosidade de Angkor. Mas tão magnífica também, para mim, é Siem Riep. Uma cidade bem pequena, mas cheia de sorrisos por seus becos.

Ao passar por lá, tire um tempo para andar por um dos três mercados populares da cidade. As bugigangas são as mesmas de qualquer parte da Ásia, mas as feiras, ah! Arrisque-se pelos corredores dos peixes, verduras e temperos e sinta-se transportado para dentro de um filme de artes marciais. Assim como na era Antiga, ainda são as mulheres que se responsabilizam pelo comércio. A limpeza das carnes e a mistura das ervas são as mesmas de séculos atrás: são os entalhes de Angkor vivos, bem à sua frente. Não deixe também de visitar o Museu da Civilização Angkor. O modo como as galerias foram construídas lembra os capítulos de um livro: da Pré-História à atualidade, só se pode passar para o próximo século ao visitar o anterior.

Faça um tour gratuito pelos ateliês dos Artesãos de Angkor, uma instituição que treina e emprega pessoas com deficiência ao reproduzir em madeira, lata e pedra as famosas esculturas da região.

Pintura
Língua de sinais em Khmer
Esculturas na madeira...
... e na pedra
Um tronco centenário pode virar um Buda
Laqueados
Moldando o latão
Moldando a pedra-sabão
A deusa da água

Ande devagar pelas ruas ao redor de Old Market até chegar à Pub Street. A cada passo preguiçoso, encontre creperias, baguetes e restaurantes khmer que servem amok (a moqueca deles, sem o óleo de dendê) com vinho francês. Delicie-se, atravesse a rua e peça um autêntico gelato. Antes de ir embora, experimente os aperitivos dos carrinhos que aparecem durante a noite e tente uma massagem tradicional por 4 dólares a hora. Dizem que a massagem tailandesa (a decente!) teve origem daquela. Eu experimentei as duas e digo que a cambojana compensou mais!

E a noite cai em Siem Riep
Amok Fish, o prato mais típico da região
Pub Street
Pub Street
Detalhe da minha sangria em um restaurante da área

Ao redor de Siem Riep, passeando de tuk-tuk, aproveite para conhecer um pouco da vida dos locais. Os horrores de tempos de outrora ainda estão latentes: dos campos de concentração de Pol Pot até o Museu das Minas Terrestres, fundado por um cambojano que não conheceu os próprios pais e não faz idéia do ano em que nasceu. Antes uma criança-soldado, Aki Ra vive hoje para desativar as minas que ele mesmo plantou.


Esse menininho me avistou de longe e veio me entregar uma flor de lótus, todo feliz - e eu nem precisei pagar nada por isso!

Ele vive aí, com sua mãe.
Moradores da vila flutuante, no rio Tonle Sap.
Esperando a chuva passar
Churrasquinho de cobra, rato, grilo e sapo: isso é a verdadeira culinária cambojana. Muitos sequer têm dinheiro para bancar esse cardápio.
Banda de música local formada por sobreviventes de minas terrestres
Ah, férias!
Recepcionista do Museu das Minas Terrestres
Museu das Minas Terrestres
Lavradores ao redor do Museu: toda essa área, a menos de 20km do centro de Siem Riep, ainda não possui energia elétrica.
Esse menininho é um dentre as várias crianças que vendem cartões postais por Angkor. Com um inglês extraordinário para a idade, nos contou que aprendeu com os turistas, porque na escola ele precisa pagar por isso. Quando lhe ofereci uma barra de cereais, adorei a resposta: "Não, obrigado, na minha casa tem muuuuuitas dessa." Ele aceitou a barrinha mesmo assim.

Ainda é inexplicável para mim de onde eles tiram tanta resiliência para enfrentar a vida: somente as práticas budistas não explicam essa atitude. Vivendo um dia de cada vez, eles fazem com que o agora seja o melhor possível. Eles que estão certos: o agora é tudo o que temos.


: : Em KL, 20h13.
: : Ouvindo: Alicia Keys.
: : Veja toda a coleção das fotos da viagem ao Camboja no Flickr.
: : Leia a resenha do hostel em que me hospedei no TripAdvisor.