Angkor: Big Circuit

Eu espero que vocês não estejam cansados de tantos templos. Ainda há de se explorar o Big Circuit, as construções ao Norte de Angkor Thom, um pouco mais afastadas do trecho que todo mundo faz - e igualmente encantadoras.

Preah Khan

Essa foi a primeira capital do rei Jayavarman VII, antes de Angkor Wat ser erguida. As esculturas são lindas e mesmo que não estejam restauradas, saltam aos olhos pela excentricidade.

 
Uma das entradas da capital
 
Representações dos mitos hindus
Repararam que as portas diminuem a cada nível do complexo?

  
Xamãs
As sentinelas - já tô até disfarçada para entrar na Matrix!

Neak Pean
Um laguinho! Na verdade, cinco deles. A simetria está presente em todos os lugares: quatro reservatórios circundam um lago maior, com uma torre ao meio.

 
Um dos reservatórios, atualmente quase totalmente drenado: a construção foi toda escavada do zero.
Em um dos muitos detalhes, Vishnu.
Lago central e sua torre.

Ta Som
Uma mistura das árvores de Ta Prohm com as Avalokitesvaras de Banteay Kdei.

Não parece? :D

Apsara gordinha e com cara de Avalokitesvara

East Mebon

Um templo-montanha de três andares erguido por Rajendravarman II, como um mini Angkor Wat. No século X, toda essa região era alagada e o templo ficava em uma ilha. Hoje, nem sinal de que rios passaram por ali. A conservação também é mínima, à exceção das estátuas de elefante totalmente restauradas. Pedras de laterita se misturam às de arenito e a tijolos também.
Bora encarar!
: )

Tô vendo a hora de uma pedrinha dessas se deslocar...


Pre Rup

Outro templo-montanha pertinho de East Mebon, construído apenas uma década depois. Foi o único lugar em que encontrei esculturas de apsaras com quatro braços, à moda Vishnu. Também apresenta a mesma mistura de East Mebon, no que tange aos materiais empregados.

Pre Rup
 
Subindo!
Apsara com quatro braços
Acredita-se que estes espaços eram utilizados como hall de eventos
E essa figura esquelética?
No último nível do complexo


E depois disso tudo, ainda lhes digo: não visitamos todas as ruínas de Angkor. Com poucos dias no Camboja, tivemos de eliminar cerca de 5 sítios arqueológicos, alguns pré-datando a era angkoriana. Dois deles eu não queria deixar de fora, pois foram descobertos apenas no meio do século XIX e estão bem conservados: Banteay Srey e Banteay Samre.

Banteay Srei

Imagine você que tudo no Camboja já é naturalmente mais lento que no resto do mundo. Tudo conspira para que você tenha um dia de preguiça. Tudo muito bom se você não precisa percorrer longas distâncias em um tuk-tuk. Mais precisamente TRINTA E SETE QUILÔMETROS de Angkor Wat (não de Siem Riep). Após pensar que jamais chegaríamos, avistamos o logo da UNESCO em meio à floresta tropical. Ufa. Esse lugar realmente existe.

Banteay Srei foi, durante a era antiga, um ponto de parada e descanso para os peregrinos que se dirigiam à capital, Angkor Thom. O sítio em si é bem pequeno: trata-se de alguns pátios construídos no mesmo nível, com a área central destinada aos nobres e ricos daquela sociedade. Fascinante é que, para compensar isso - e a viagem -, todos os cantinhos desse lugar foram esculpidos em homenagem a Shiva. O arenito vermelho é bonito a qualquer hora do dia. A cor é raramente vista em outras construções e geralmente aparece em detalhes. Lá, todo o lugar foi erguido com esta qualidade. A viagem valeu a pena.

Entrada de Banteay Srei
 
Acesso
PQP!
Detalhe das colunas
Shiva dançando
Parte do pátio central
Todo o Universo Hindu esculpido em pedra
Guardiões

Banteay Srei começou a tomar forma em 967 d.C, mas inscrições em sânscrito encontradas por lá relatam que muito tempo depois, até o século XIV, o local ainda era utilizado e mantido pelos reis. Muitos dizem que 'Banteay Srei' quer dizer 'O Templo das Mulheres'. É possível que o nome original não fosse esse, mas a evolução da língua khmer durante os séculos possa ter levado a essa interpretação.

Banteay Samre

Segundo o motorista do tuk-tuk, esse é o Templo dos Homens. Historicamente, os Samre eram um povo que habitava os arredores de Angkor. Sendo verdade ou não, o estilo arquitetônico é o mesmo de Chau Say Tevoda, sendo este templo também hindu. O pátio central está quase totalmente restaurado e alguns motivos esculpidos aqui realmente me fazem concordar com a fala do motorista. Essas figuras só são encontradas aqui:

Óia!
Hindus safadinhos
 
Uma das salas de veneração a Shiva
 A Linga: por vários séculos, a representação antropomórfica de Shiva não era permitida. Logo, a veneração do deus da destruição era feita por símbolos. A Linga sempre é apresentada em conjunto com Yoni (deusa Shakti), indicando a reunião das energias criativas masculina e feminina, o que dá origem a toda a vida. São encontradas em todos os templos de Angkor. 

Pátio central
O cuidador até posou pra mim! : )
  
Ao final de três dias de exploração, estava suada, descabelada, com as roupas e os tênis sujos da areia vermelha de Angkor e um joelho roxo de tanto escalar. Mas tudo, tudo valeu demais. Faço tudo isso novamente a qualquer tempo, é só chamar!

Me alegrou muito ver famílias de todas as idades também explorando Angkor, encantadas com a magia desse lugar: de jovens casais com filhos pequenos até vovózinhas passeando pelas ruínas com seus maridos. O Camboja é a terra das pessoas felizes e sorridentes; isso contagia a todos.


: : Em KL, 09h59.
: : Ouvindo: Muse.