Uff... ainda dá tempo?!

Uff.. tem de dar!! Porque isso aqui não é uma democracia!!! *tapa na mesa*

Finalmente, gerenciei minha crise internética. Meu amigo bengalês foi passar férias em seu país e, com muito dó da situação que essa mocinha passou no último mês, me emprestou sua internet móvel. Quando cheguei em casa e o sinal funcionou, foi a mesma sensação de chegar ao paraíso!! É, a banda lerda do governo continua sem DNS e sem notícias de quando suspenderá a greve.

Tanta coisa aconteceu nesses últimos dias! De cá, muito trabalho. Acho q estou começando a me estressar. Acho. Durante minha primeira semana no Oriente, tive uma impressão e ela confirmou-se por agora: aqui, além de estar 12h à frente de todos aqueles que me importam, o tempo também passa mais rápido. No primeiro mês coloquei a culpa no jet lag, mas os dias aqui são mais curtos, mesmo. O sol está a pino das 7h às 19h15, o problema é a Terra que não pára de girar.

Dentre reuniões, pesquisas de mercado, notícias e vida pessoal, atualizo vocês sobre as últimas bombas (sem trocadilhos, pois eu estou num país muçulmano!):

Caso Uniban
A polêmica toda desenrolou-se enquanto eu já estava sem internet e nem pude fazer muitos comentários a respeito no Twitter. No fim, a conclusão mais prudente - e óbvia - que tiro disso é o fato de que o ser humano, em qualquer lugar do mundo, é um ser hipócrita.

Meus colegas daqui se espantaram com a notícia e com o desrespeito, como qualquer pessoa em sã consciência faria o mesmo. O diferente, contudo, é que eles não conseguem entender como um país tão liberal como o Brasil questiona o fato de uma mulher querer mostrar as pernas. Infelizmente, a imagem que os estrangeiros (ocidentais ou orientais) têm do nosso país é a da liberdade sexual. Por mais que eu diga e explique que, no fundo, somos tacanhos, eles não entendem. Assim como também acham paradoxal as mulheres não fazerem topless nas praias, mas usarem biquini fio-dental. 'Já é tão minúsculo, mostrar os peitos não vai fazer a diferença', escutei. E pensando racionalmente, por que não fazemos topless na praia, mesmo? Mostrar a bunda pode, mas os seios, não?

Guardadas as devidas proporções, poderia dizer que eu passo, todos os dias, pela mesma situação de objetificação que a senhora G. sofreu na faculdade. Claro, eu estou em um país declaradamente não-secular (ou dessecular, diriam meus professores de política internacional). Aqui, os estrangeiros podem sair vestidos do jeito que quiserem, podem beber até passar mal e também pagar por sexo, pois a polícia religiosa não atua sobre eles. Teoricamente, o tratamento e o respeito aos mat salleh é o mesmo encontrado em seus países de origem. Bem... só teoricamente.

Sabendo como a Malásia é, abri mão de inúmeras peças do meu guarda-roupa antes de me mudar. Trabalho em um escritório que atende a todos, mas cujo pessoal é composto de malaios, quase que totalmente. Somos 4 cristãos, 3 hindus, 3 budistas e mais setenta e tantos muçulmanos. Não existe código de etiqueta ou regimento interno sobre vestuário, como na Uniban. No entanto, o dia em que apareço lá de camisa social de manga curta, os comentários e os olhares se modificam. Não trabalho de saia; as minhas camisas corporativas sempre estão fechadas até o pescoço. O que para nós é só uma gola canoa, para eles torna-se uma blasfêmia, um decote pavoroso. Às sextas, dia da roupa casual, todos podem ir de jeans e camiseta - mas eu sempre sou alvo de piadinhas de mau-gosto.

Não entendo o que falam, pois cochicham entre eles em Bahasa. Mas, dentre os homens (uns 2 ou 3 mais inflamadinhos), noto as diferenças no olhar, no modo como conversam comigo quando precisam de algo ou em como torcem o pescoço quando estou no corredor. As mulheres não se importam e acredito que algumas delas até sonham com o dia que poderão usar uma babylook. Mas, apesar de mostrarem só a face e as palmas das mãos, elas adoram as malícias dos homens. Ficam todas alegrinhas quando mexem com elas, e também começam algumas brincadeiras. Ah, se pano segurasse a libido... a imaginação desses malaios vai longe. Já repararam como uma munaqaba, apesar de toda aquela cobertura preta, ainda possui um dos olhares mais sexies?!

Ser sexy não é mostrar tudo, mas saber atiçar.

Se algo que incomodasse somente durante o expediente, tudo bem. Mas também ouço assobios e cantadas na rua - e olha que nem mostro minhas pernas por aqui! Isso só não acontece quando estou acompanhada por um homem. Além de não-secular, o país também é machista. Uma estrangeira, como não se cobre, só é considerada uma mulher 'de respeito' se um homem estiver ao seu lado. De qualquer forma, alguns conhecidos locais já me tranquilizaram: disseram que das encaradas eles não passam. E espero mesmo!

Carne de cachorro
Então o pessoal aí no Brasil está espantado com o criadouro ilegal de cachorros?? Aqui na Ásia, meus amigos, isso é perfeitamente normal. Esse povo já passou tanta fome que qualquer coisa vira comida - até cérebro de macaco e de carneiro. Nas Coréias e na China, cachorro é menu popular - e sem abate humanizado.

Claro que eu não experimentei nenhuma dessas comidas exóticas para o paladar ocidental. Nem comecei a viajar pelo continente, mas com certeza não quero testá-las. Não como cachorros e nem gatos porque eles são fofinhos e jamais aceitaria comê-los. Vacas, frangos, peixes e outros animais também o são - mas esses eu como porque eu não os vejo no momento da morte e então dessassocio o pedaço de carne no meu prato de qualquer parte do corpo deles.

Quase não há consumo de carne vermelha na Malásia porque é muito caro. Preferem comer frango e quando muito, carneiro. Um quilo de picanha aqui, vendido somente em açougues especializados e finos, custa quase 50 reais. Desse modo, a maioria das vezes que se pede algo acompanhado de carne (beef, como eles dizem), esta vem moída. Nunca perguntei que parte da vaca é aquela e nem quero saber - certamente, eles moem tudo o que for possível. Quem não garante que eles também acrescentem gatos ou cachorros? Talvez até já os comi e nunca soube! Soma-se a isso o fato de aqui não ter vigilância sanitária como a do Brasil. Se nossos fiscais viessem pra esse lado, fechariam mais de 90% dos restaurantes.

Rusgas malasianas-indonésias
Pode soar engraçado, mas considero a Malásia e a Indonésia como nações irmãs (até dividem a mesma ilha, poxa!). Tal como irmãs, tem lá seus desentendimentos. Pensava que fossem essas briguinhas Brasil-Argentina, mas parece que a tensão anda aumentando. O novo estagiário internacional da ONG teve seu visto negado pelo simples fato de ser indonésio. Nossos pesquisadores não conseguem informações do sistema de saúde deles só porque são malasianos. Ultimamente, os jornais noticiam avisos e vídeos de grupos armados indonésios, avisando para a Malásia ficar esperta, pois 'a invasão está próxima'. Eu, hein...

Aniversário
Simmmm!!!! Fiz 24 anos no último dia 11!! Foi um dia normal no expediente, mas depois eu e meus amigos fomos para o La Bodega, um restaurante mediterrâneo que fica em Bukit Bintang, bem no coração da náiti malasiana. Foi um jantar ótimo, com muitas risadas e muitas fotos. Ganhei até presente!!! : )

Adeline, vulgo Miss Malásia: minha grande amiga!
 
Uma outra amiga não pôde ir ao jantar. Mas levou sua lembrancinha no dia seguinte. O cartão que acompanha o presente é, de agora em diante, mascote desse blog!! Dêem uma olhada.

Vaquinha!!!!! :D Ah, e Famous Amos, os cookies mais gostosos que já comi!

No mais, o calor continua. E a chuva também, fazendo de Kuala Lumpur uma grande sauna a vapor.

Clique aqui para mais fotos do aniversário.


: : Em KL, 20h50.
: : Ouvindo: Editors.