Um ano de Malásia

20 de agosto de 2009, 18h30, hora local.
Depois de dois dias de viagem, eu desembarcava no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, uma cidade de nome estranho e estruturas megalômanas; um país que promete ser o mais liberal dentre os de religião muçulmana. Era início do Ramadã e chovia; logo eu percebi o poder das monções asiáticas e dos minaretes islâmicos.

20 de agosto de 2010, 21h25, hora local.

Um ano depois, escrevo esse texto admirando o horizonte da janela de meu quarto. A cada dia, uma nova construção começa; as vias mudam de direção; passarelas e viadutos aparecem. As Petronas Towers continuam lá, imponentes e intocáveis. A Torre Kuala Lumpur também. Ao redor delas, a cidade toda muda.

E com a cidade, mudam as pessoas, as vidas e os fatos.

É claro que eu não estava preparada para nada disso. É claro que eu tive dificuldades no começo, no meio e terei até o fim. É claro que houve momentos que tudo que eu queria era manter tudo às favas e ir embora. Mas o estresse, as recaídas, as frustrações e a saudade fazem parte da experiência. E eu faria tudo de novo se pudesse, com um pouco mais de agressividade - se algo que eu aprendi aqui foi lutar pelo que é certo e manter-me em pé diante dos maremotos.

Minha mudança para a Malásia solidificou uma série de acontecimentos que só me fizeram maior, melhor e mais consciente de mim mesma. Sei das minhas qualidades e dos meus defeitos. Alguns deles melhoraram - outros continuam aqui, pois fazem parte de quem eu sou e da minha identidade. Retire-os e serei tudo, menos eu.

A Ásia não é para os fracos. Meu maior suporte veio da minha família e dos meus amigos - vocês ficaram pra trás mas sempre fizeram-se presentes: em ligações-surpresa no meio da madrugada, em presentes que chegaram pelo correio e principalmente pelas fotos e webcam diárias.

Aos amigos que fiz aqui, vocês sabem os problemas e as conquistas pelas quais passamos. A nossa história é semelhante e nosso exército é pequeno, mas o apoio de cada um foi essencial para que todos continuássemos nossos planos.

Um ano depois, tenho certeza daquilo que, por algum motivo bobo, nunca quis assumir: eu posso fazer o que eu quiser. Posso ser quem eu quiser. E nada, a não ser eu mesma, me impedirá disso.

E essa sou eu um ano depois: mais do que nunca, certa do que eu quero - e mais bonita também! : )


: : Em KL, 22h56.
: : Ouvindo: Placebo.